O Diabo Veste Prada é um filme que explora os bastidores do mundo da moda, mais especificamente de uma renomada revista de moda de Nova Iorque chamada Runway. O universo da moda é conhecido por ser bastante frenético, exigente e competitivo. É nesse cenário que Andrea Sachs é apresentada. Original de Ohio e formada em jornalismo pela Northwestern University em Illinois, Andrea tenta alavancar sua carreira na grande metrópole. Não encontrando uma variedade de opções em um primeiro momento, ela recorre à revista Runaway. Há algumas questões, porém: por seu próprio histórico no jornalismo, Andrea é uma mulher que valoriza grandes histórias e fatos relevantes. Veste-se despojadamente e, talvez por preconceito, desconhece o universo da moda por completo. Ademais, sua nova chefe será ninguém menos do que Miranda Priestly, uma lenda no assunto, e uma mulher que dedica todos os minutos do seu dia a alimentar essa imagem, seja pelo seu comportamento rígido ou pela paixão com que desenvolve o seu trabalho. Será que Andrea tem de fato algo a oferecer à revista de Miranda? Cabe a ela encontrar meios de lhe mostrar o seu valor.
Qual é a linguagem usada no filme O Diabo Veste Prada?
Em termos de linguagem, talvez o que haja de mais marcante seja a combinação de dois elementos vizinhos: o universo da moda e o ambiente corporativo. Essa combinação oferta-nos já desde as primeiras cenas uma amálgama interessante, que resulta em maneirismos particulares e um vocabulário característico e ao mesmo tempo rico. Por exemplo, as cores tendem a ser mais específicas do que a simples menção a opções primárias e secundárias, como é o caso de cerulean blue. Tal refinamento também é encontrado nas sobremesas, quando há preferência por doces de origem francesa e alemã, como dacquoise e rhubarb compote torte. Obviamente, o vocabulário na linha de roupas e acessórios também é bastante específico.
Outro ponto que chama a atenção é o fato de que, pelas características da personagem, Miranda Priestly comunica-se com um inglês mais formal do que o de suas assistentes, o que fica evidente não apenas na escolha de vocábulos, mas também no tom e na cadência de sua voz. Miranda é capaz de espalhar terror psicológico por onde passa sem jamais elevar a sua voz, ao passo que aqueles que trabalham sob o seu comando e precisam lidar com suas exigências muitas vezes veem-se em pânico vociferando entre si.
Quais são os termos mais interessantes em inglês que podemos encontrar em O Diabo Veste Prada?
1. Gird your loins. O filme inicia com um bom exemplo de como é um dia na revista dirigida por Miranda Priestly. Há informação de que uma consulta sua foi cancelada; por consequência, Miranda está chegando à empresa mais cedo do que o esperado. Aqui há imediata algazarra e correria para que nada esteja fora do lugar no momento de sua chegada. Em meio à balbúrdia, ouve-se a voz de Nigel, diretor de arte, que dá um comando: gird your loins! A expressão pode ser traduzida como preparem-se! Estejam prontos!
Gird originalmente significa cingir, apertar. Loins traduz-se como lombo, cintura. A expressão remonta à Bíblia, à ideia de usar um cinto para cingir a túnica à cintura. Com o tempo, passou a ser usada no sentido de preparação para algo desafiador que vem à frente.
2. Layout. Assim que chega, Miranda vai logo despejando instruções sobre sua assistente, Emily. Entre elas, está um pedido de comunicação a uma funcionária. Segundo Miranda, a funcionária deve ser informada de que a modelo enviada para o layout brasileiro não será aprovada. Aqui a palavra layout é usada como referência à disposição dos elementos gráficos em uma página ou sessão da revista.
3. Paunchy. Sobre o mesmo assunto, Miranda reclama dizendo que pediu determinado perfil de modelo, alguém que fosse sorridente e atlética, mas recebeu uma profissional cansada e paunchy. Ela usa o termo para indicar que a modelo em questão era barriguda.
4. RSVP. Uma expressão muito interessante é RSVP. Entre os comandos de Miranda, está este: “RSVP yes to the Michael Kors party.” Ou seja, “Diga sim à festa de Michael Kors”. RSVP é a abreviação para a frase do francês Répondez, s’il vous plaît, que quer dizer Responda, por favor. É usada formal e cordialmente como pedido de confirmação de presença para festas.
5. Slender. Seguem as direções de Miranda. Aqui ela pede que sejam recusadas as fotos de modelos paraquedistas que ela teria recebido. Ela diz estar em busca de paraquedistas slender, que quer dizer esbeltas, magras, elegantes.
6. To reach for the stars. Ainda no contexto das paraquedistas, Miranda é irônica quando pergunta se ela estaria reaching for the stars. Ou seja, estaria ela sonhando muito alto. A expressão idiomática implica almejar coisas muito difíceis de alcançar.
7. Foul. Eis que é hora de Andrea apresentar-se à chefe para a entrevista. Quando se aproxima de sua sala, no entanto, Emily arranca-lhe das mãos a bolsa que levava. Trata-se de uma simples pasta executiva de couro, mas, aparentemente, é algo que contaria pontos negativos para a sua entrevista. A palavra usada por Emily para descrever a bolsa é foul, que pode ser traduzida como horrenda, medonha.
8. To fit in. Os termos até aqui vistos aparecem no filme antes da marca de dez minutos de reprodução, o que comprova a riqueza de seu vocabulário. Vejamos, então, o último termo. Após ter sido completamente sincera com Miranda sobre suas expectativas de encontrar trabalho como jornalista, sobre nunca ter ouvido seu nome, e ser dispensada por Miranda sem mais explicações, Andrea retorna à sala e diz reconhecer o fato de que ela não fit in, ou seja, o fato de que ela não se encaixa, não se enquadra à primeira vista naquele ambiente. Mas é uma profissional inteligente e trabalhadora, e gostaria de uma oportunidade.
Essas são apenas as cenas introdutórias do filme. Há muito por vir. Que surpresas essa interação entre Andrea e Miranda nos guarda?
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